sábado, 26 de outubro de 2013

É o seguinte, dois pontos!

por: Joaney Tancredo


Como pode uma palavrinha danada da língua portuguesa deixar qualquer pessoa de cabelos de pé ao ouvi-la num diálogo do dia-a-dia?

Imagine você, do sexo masculino ouvindo de sua namorada numa conversa, digamos casual, a seguinte frase: “Amor, tenho uma coisa pra te falar, é o seguinte...”

O cérebro do namorado, interlocutor em questão, põe a cabeça num exercício de possibilidades incalculáveis, que nem mesmo o computador mais rápido pode processar. O Homem, imagina: O que eu fiz dessa vez, será que ela descobriu que saí com Fabiana, sua melhor amiga? Eu fiz tudo com cuidado, sem deixar o menor vestígio. É isso, pensa Fabricio, foi à própria Fabiana que contou, teve uma crise de existência e contou tudo, lamenta.

Essas mulheres são mesmo muito complicadas. Pronto estou ferrado, pensa Fabricio no tempo suficiente para voltar à realidade e ouvir a frase seguinte sair da boca de Raquel, o mundo pode desabar a sua frente em poucos segundos.

Passados dois segundos, tempo suficiente para pensar em três possibilidades de respostas e uma desculpa para a defesa da relação... Raquel complementa a fala:
- ...é o seguinte: vi no comercial da Globo que vai passar o filme que assistimos no cinema quando nos beijamos pela primeira vez, conclui.

Fabricio engole a saliva com o turbilhão de agonia que passou por sua cabeça e fala. - American Pie, Que legal! Fala sem a mínima graça para construir qualquer complemento como resposta.

Como artifício usado em diversas situações da língua portuguesa, a construção frasal “é o seguinte” denota, dependendo do ambiente, o terror das pessoas.
Surpresa boa ou ruim, você deve esperar sempre algo. Na oração, a palavra seguinte propõe um assunto posterior, e no momento da fala, requer do interlocutor uma atenção especial pelo que virá a frente.

É o seguinte:
- FIM!

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